
As alterações na materialidade dos territórios, sobretudo quanto às suas infraestruturas de transportes e circulação, trazem consigo conflitos e contradições, pois transformam os lugares e seu tempo, imprimindo novas formas de exploração e relações sociais. Este artigo analisa as transformações territoriais, as contradições e os conflitos decorrentes da construção da ferrovia Transnordestina em Paulistana, Piauí. A pesquisa realizada contou com revisão de literatura, pesquisa documental e de campo, contemplando o município de Paulistana, com a realização de entrevistas em sua sede, na comunidade Quilombola Contente e nos Assentamentos Cachoeira e Malhete. A inserção da ferrovia Transnordestina no Piauí é considerada viabilizadora de grandes projetos de mineração, além de voltar-se ao escoamento da produção do agronegócio. Com esse propósito, o Estado tem promovido transformações nas relações sociais em comunidades cortadas pela ferrovia, provocando conflitos socioterritoriais e explicitando contradições.