Na historiografia militar portuguesa é possível verificar a permanência de diversas lacunas relativas à Batalha de Alcácer Quibir, entre as quais destacamos, nas suas várias dimensões, o estudo da composição humana do exército liderado pelo rei D. Sebastião (1554–1578). Neste âmbito, número de combatentes e não combatentes, nacionalidades, composição profissional, social e etária, são algumas das esferas de trabalho que, passados 445 anos, continuam em aberto. Imediatamente após a batalha, em delegação de poderes por parte do Cardel Rei D. Henrique (1512–1580), foi a Ordem da Santíssima Trindade que assumiu as rédeas do complexo processo de negociação e redenção de cativos do Norte de África. Listagens inéditas e riquíssimas em contéudo foram analisadas no decorrer do Projeto exploratório Moving City tendo em vista, especificamente, gerar um conhecimento mais claro dos efetivos que compunham o exército, tanto da parte civil como dos homens da "profissão das armas". Neste sentido, com o objetivo de ultrapassar as lacunas identificadas, considerámos fundamental cruzar os dados retirados da documentação trinitária com aqueles que estão dispersos pelas múltiplas fontes não trinitárias, isto é, as diversas crónicas, relatos e publicações que foram sendo redigidas desde o final do século XVI. Enquanto bolseiro de investigação, esta tarefa foi por mim assumida. O 'catálogo' que agora apresento é o resultado de, sensivelmente, 18 meses de trabalho, com o objetivo de identificar as principais obras que contribuíram para a identificação dos falecidos e desaparecidos em combate, mas também daqueles que foram cativos e resgatados. A identificação de todos estes indivíduos será fundamental para conhecer os efetivos, tanto civis como militares, que compunham o exército – uma verdadeira "cidade em movimento".